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Quando indicar Nutrição enteral e Suplementação hiperproteica em pediatria?

Atualizado: 27 de jan. de 2022


Elaborado por: Daniela França Gomes


Médica Nutróloga e Pediatra; Presidente do Comitê da Criança e do Adolescente da BRASPEN


Quando indicar dieta (nutrição) enteral e suplementação hiperproteica em pediatria?


A indicação de nutrição enteral (NE) deve acontecer na presença de estabilidade hemodinâmica e trato gastrointestinal funcionante.

No ambiente hospitalar, o jejum, acima de 3 dias para lactentes ou quadro de desnutrição energético proteica e, maior de 5 dias para crianças com mais de 1 ano de idade preconizam início de NE (1).

Importante destacar que a necessidade de intubação orotraqueal e uso de ventilação mecânica devem ser acompanhados por passagem de sonda nasoenteral (SNE) para início de terapia nutricional o mais precocemente possível.

A alimentação pela via oral com ingestão inferior a 60-80% das necessidades nutricionais por mais de 10 dias e outras condições de aumento de necessidades metabólicas como fibrose cística, cardiopatia congênita, queimaduras, doença renal ou pulmonar crônica agudizadas também deterioraram o estado nutricional e nutrição enteral é especialmente válido (1).

Dismotilidade gastrointestinal, diarreia de difícil controle e déficit de absorção, como na síndrome do intestino curto, podem sugerir indicação de nutrição parenteral para melhor aproveitamento de macro e micronutrientes (1).


As maiores recomendações de proteína em pediatria acontecem nos recém nascidos pré-termos com necessidade de 3,5 a 4,5g/kg/dia para garantir crescimento adequado 2.

Em condições de criticidade a oferta proteica mínima de 1.5g/kg/dia está recomendada para todas as crianças, independente da faixa etária, mas ofertas maiores são necessárias para minimizar catabolismo. Estudos apontam que quadros de bronquiolite e insuficiência respiratória com necessidade de ventilação mecânica requerem 2,5 a 3g/kg/dia para promover balanço nitrogenado positivo, porém doses acima de 3g/kg parecem não demonstrar benefícios e podem estar associadas ao aumento de ureia (3).


Importante ressaltar que a manutenção de oferta hiperproteica em pediatria deve ser por período transitório, retornando após esta fase as recomendações da RDA (Recommended Dietary Allowance) 4 pois estudos apontam que a alta oferta de proteína na primeira infância está associada a sobrepeso e obesidade em fases futuras (5).


Referência bibliográfica

1. Braegger C, Decsi T, Dias JA et al. Practical approach to paediatric enteral nutrition: a comment by the ESPGHAN committee on nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2010 Jul;51(1):110-22. DOI: 10.1097 / MPG.0b013e3181d336d2


2. Koletzko B, Poindexter B, Uauy R. Recommend nutrient intake levels for stable, fully enterally fed very low birth weight infants. World Rev Nutr Diet. Basel.2014; 110 :297–299


3. Mehta NM, Skillman HE, Irving SY, Coss-Bu JA, Vermilyea S, Farrington EA, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Pediatric Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. Pediatr Crit Care Med. 2017 ;18(7):675-715


4. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. National Academy of Sciences. Institute of Medicine. Food and Nutrition Board, 2005


5. Lind MV , Larnkjæ A, Mølgaard C , Michaelsen KF. Dietary protein intake and quality in early life: impact on growth and obesity. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2017 Jan;20(1):71-76



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